Tuesday, December 13, 2005

Ratos Magros, Estranhos no Ninho

Perdas e Ganhos - 13/12/2005


Lembrei agora da admoestação, do repto do ex-deputado federal Roberto Jefferson discursando em sua defesa durante o seu processo de cassação no plenário da Câmara dos Deputados: "Rato magro. Quem nunca comeu mel, quando come se lambuza. Rato magro. (....) Rato magro." Talvez tenha sido a parte mais ofensiva de todo o discurso do ex-deputado, lembrando a origem humilde de muitos membros do Partido dos Trabalhadores, a maioria composta por sindicalistas, operários de fábrica, pessoas que normalmente não estão acostumadas a conviver com as "benécies do poder", com a vida dos gabinetes, com a vida palaciana.

Discursava aos, até bem pouco tempo, seus aliados políticos - já que o PTB é partido da dita base aliada -, lembrando-lhes que ali eles não passavam de "estranhos no ninho". Que eles teriam o direito a rodear o poder, mas que não estariam preparados para assumí-lo. Uma verdadeira pena que o Partido dos Trabalhadores tenha dado motivo, tenha deixado escapar essa chance de ouro de fazer uma administração, senão de todo empolgante e competente - porque eu sempre achei que faltava ao partido programa de governo -, mas ao menos - e não era menos que isso o que todos esperavam - dedicada e honesta.

Delúbios, Silvios, Genoínos, Dirceus e tantos outros que se esconderam atrás destes nomes, prestaram um grande desserviço à nação, e principalmente às classes menos favorecidas, aos que sempre lutarem por um lugar ao sol, aos que achavam - e sonharam - que o topo não estava reservado só para as elites. O que se espera agora é que os que ficaram tenham a dignidade de completar a sua tarefa com honradez. É bom evitar uma derrocada final, comentários do tipo "e, quando saíram, ainda carregaram a prataria do palácio..."

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