Monday, November 20, 2006

A aventura de ler

Falo das minhas leituras como quem fala de um trekking, de um rafting, de uma aventura off-road. São coisas radicalmente opostas, uma atividade intelectual se contrapondo a atividades fisícas; coisas não excludentes, complementares: “Mens sana in corpore sano”, excerto da frase do poeta latino Juvenal, retirado da sua obra Satira X, que, na sua completude é "Orandum est ut sit mens sana in corpore sano", que pode ser traduzido mais ou menos por "Pela oração você obtém uma mente sã num corpo são" - o que tem um significado bem diferente do pequeno excerto que se costuma usar.

A comparação - forçada - que faço é sobre o prazer que obtenho com a atividade, com a leitura, como se fosse um fã falando de uma dessas atividades que citei acima. Leio sem pressa, com gosto, com cuidado. Aprecio cada pedaço do percurso, refazendo os que me dão maior prazer. De antemão sinto uma tristeza profunda pelo momento da separação, quando atingir o final da obra, quando chegar ao fim. Sei, claro, certo é que sei poder sempre revisitar a obra, mas como poderei se são tantas e tão interessantes a serem lidas?

São muitas, como muitos são os caminhos desconhecidos a serem desbravados.

Sunday, November 12, 2006

Recompensas

Eu gostaria de ser recompensado pelo que faço, mas faço sem esperar por recompensas. Será isso um contra-senso? Não acho, acredito que seja uma posição de honestidade de propósitos. Ou seja, mentiria se dissesse que não gostaria de ter algum tipo de recompensa que viesse dessa minha atividade de escrever, mas afirmo que esse não é o objetivo quando escrevo.

Escreveria - e escrevo! - sem receber nenhum tipo de recompensa, nem mesmo palavras de incentivo. Vejo que muitos hoje escrevem e o fazem melhor do que faço. Além disso, encaro o ato de escrever em si já como uma forma de lazer e sinto-me recompensado só por fazê-lo e, quando muito eventualmente, um leitor mais amável me dirige a palavra, e faz um comentário, digo que isso vale por mil dinheiros.

Se eu fosse mesurar a minha atividade em termos de horas trabalhadas, tantas são as que passo digitando textos ou fazendo pesquisas no computador, sei que o valor a cobrar não seria nada barato; mas não há preços envolvidos nessa tarefa; quem faz por gosto, recebe pelo gosto.

Monday, November 06, 2006

Do tudo ao nada

E fui do tudo ao nada, num instante. O que era muito, transformou-se e hoje é nada. Acusa-se a falha no software, mas todos sabem que o culpado é o humanware. Sinto falta de um vício em minha vida tão regrada, con-ti-da. Não morro de amores porque isso não é doença fatal, não mata.

Tenho mãos grande e suaves, desajeitadas para esse teclado do notebook. Meus dedos insistem em compartilhar as teclas, pressionam duas; e o sistema, de birra, imprime a errada na tela. Para onde vão esses milhões de bytes descartados? Ocuparão algum espaço num winchester lá no limbo?

Tudo isso, tão fútil... inútil... embora reconheça que o pensamento é sutil... Naum sem til?